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OPINIÃO: Inconveniências

O atual governo da República anda a passos lentos. Está havendo uma dificuldade da máquina governamental para ajustar o ritmo de trabalho. Isso vale para os três poderes. Além dos obstáculos tradicionais das festas de Ano Novo, férias escolares e forenses, Carnaval e enterro dos ossos, este ano foi mais lento devido às dificuldades pessoais do presidente com sua recuperação física após atentado e, depois de recuperado, sua adaptação ao cerimonial do cargo. Também o Ministério, com nomes novos na política e, apesar da capacitação técnica da maioria, sem o traquejo e experiência necessários para impulsionar a máquina, tudo está em passos lentos. O Legislativo, envolvido com as disputas de poder e vaidades pessoais, ainda não engrenou uma marcha produtiva e vem demorando na organização das estruturas funcionais. Ainda não conhecemos a força de apoio que o Executivo terá nas duas casas do Congresso e as lideranças ainda não deram mostras da capacidade de aglutinação para tocarem os projetos de interesse do Executivo para impulsionar a governança. O Judiciário está politizado e suas resoluções podem ser previamente conhecidas. Além disso, esse poder tem tomado decisões que estão criando polêmicas e gerando instabilidade, em um clima de incertezas e desconfianças que abalam o Estado.

As inconveniências se sucedem, com as declarações de Bolsonaro & filhos, que ainda não desceram dos palanques eleitorais para assumir a seriedade de seus cargos  representativos.  Ainda  agora, com a aproximação do dia 31 de março e 1º de abril, o Presidente toma uma atitude de desafio desnecessário, provocando as oposições - que não são pouca coisa - em uma ação desagregadora quando estamos necessitando unificar a nação. Durante todos esses anos, desde 1964, os comandos militares promoveram atos de homenagem às Forças Armadas em caráter interno, dentro dos quartéis, o que sempre foi admitido pelos diferentes governos civis. Vem agora um presidente civil alardear uma atitude provocativa, totalmente desnecessária. O caráter de ex-militar do presidente e de grande parte do seu Ministério não o autoriza a dividir a nação. Para completar o quadro, quando a presença do Chefe de Estado é necessária para os entendimentos com o Legislativo e promover as mudanças que se impõem, as viagens se sucedem, abrindo um vácuo de poder que retarda as decisões.

Enquanto isso acontece, o vice-presidente que foi colocado na chapa vencedora das eleições justamente pelo seu caráter forte de ex-militar, vem construindo uma face pública de civilista, moderado, comunicativo, com bom senso, agregador e respeitado. Essa situação vem concorrendo para uma dualidade dentro do Poder Executivo e poderá vir a ser mais uma inconveniência para a governabilidade.

Enfim, a Bolsa de Valores tem retratado no seu comportamento a instabilidade do momento. O país está inquieto. A retomada do desenvolvimento está com o pé na trava, ora querendo acelerar, ora temendo retroagir! Fico com a impressão dúbia: se é pessimismo que me apequena ou se estamos mesmo com toda essa dificuldade. Estamos necessitando, com urgência, mudar esse panorama. O Brasil tem potencialidades, falta-nos patriotismo!

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